Aignorância econômica no Brasil tem “estabilidade” no emprego: passado arraigado, presente turbinado e futuro aprumado. De maneira recorrente, o desconhecimento crônico das causas da riqueza e da pobreza revela-se esparramado eternamente em rede esplêndida, palco de paixões por falsos teoremas, excitantes maridanças entre a ignorância e a inveja e renovadas juras de amor eterno entre o obscurantismo e o despeito. Eis algumas dessas mônadas alheias à razão, em que P e R podem ser pessoas, regiões, países, etnias ou gêneros: (1) P é pobre porque R é rico; (2) se P é pobre e honesto, é porque R é rico e desonesto; (3) o somatório das pobrezas é igual à riqueza; e (4) a “justiça social” consiste em tirar de R e entregar a P.
Políticos populistas costumam garimpar votos estimulando os potenciais eleitores — geralmente pessoas ingênuas, humildes e de caráter reto — a crer que impostos sobre os “ricos” é algo “socialmente justo” e bom para o país. É uma visão míope, que não leva em conta o fato óbvio de que a exploração é só uma das causas possíveis de desigualdades, assim como o acesso à educação e à saúde, a dedicação ou a preguiça, a inteligência ou a estupidez, as boas ou as más instituições e até mesmo a sorte ou o azar na vida. Os adeptos dessas falácias tomam a explicação que lhes é conveniente e ignoram todas as demais, com vistas a impor experimentos de engenharia social com a vida, a propriedade e a liberdade alheias.