OCCASIONAL PAPER #3: OS ERROS NO ENSINO DE ECONOMIA
Se folhearmos qualquer journal de Economia do final do século XIX ou do início do século XX – como, por exemplo, o tradicional e sempre importante Journal of Political Economy, editado pela Universidade de Chicago -, nos depararemos com, praticamente, todas as páginas escritas em inglês, com um ou outro rodapé em que aparecem gráficos ou equações matemáticas. Já se tomarmos os números escritos nos últimos anos do mesmo JPE, o que nos chamará a atenção é que em quase todas as páginas predominam modelos matemáticos e econométricos, com escassas frases em inglês, geralmente restritas às introduções e conclusões dos artigos. Em suma, a lógica verbal foi para os rodapés e a lógica matemática, que ali estava, subiu para as partes nobres das páginas... E o que ganhamos com isso, se é que se ganhou algo?
OCCASIONAL PAPER #2: O DESTINO UNIVERSAL DOS BENS DA TERRA - ENSINAMENTOS ECONÔMICOS DA IGREJA CATÓLICA
* Trabalhoapresentado em 9/12/2003, no Colégio São Bento (Rio de Janeiro), no curso de extensão Igreja, Religião e Sociedade: História e Aspectos da Doutrina Social Católica, organizado pelo CIEEP em parceria com o Instituto de Teologia e Filosofia do Mosteiro de São Bento.
INTRODUÇÃO
A Doutrina Social , ou Ensino Social ou, ainda, Magistério Social da Igreja, conjunto de ensinamentos contidos em diversas encíclicas e pronunciamentos papais, tendo em vista orientar a atuação dos católicos na sociedade moderna, iniciou-se com a Rerum Novarum de Leão XIII, de 1891 e foi ao longo do século XX passando por um processo de aggiornamento, do qual participaram todos os seus sucessores na cátedra de São Pedro (1), com exceção de João Paulo I, devido, evidentemente, ao seu curtíssimo pontificado,
OCCASIONAL PAPER #1: FUNDAMENTOS ÉTICOS DA ECONOMIA PERSONALISTA
Abril, 2002
“Cada homem tem condicionamentos e graus de liberdade diferentes: cada homem está numa situação diferente perante a vida. Por isso, não se pode pedir a mesma coisa a um homem e a outro.” *
Juan Luis Lorda
Liberdade e virtude, quando apresentados isoladamente, são atributos universalmente aceitos. De fato, não nos lembramos de ter visto ninguém – nem mesmo os piores ditadores ou os criminosos mais contumazes – denegrir publicamente a liberdade ou enaltecer o vício. Mas, quando se considera uma das formas mais elementares de liberdade, que é a econômica, é muito comum associá-la com licenciosidade, com permissividade, com egoísmo individualista e com muitos outros vícios. Isso poderia levar-nos a crer que liberdade e virtude seriam dois objetivos incompatíveis. Mas, felizmente, é exatamente o contrário que acontece.
SOBRE GANSAS, GALINHAS E PASCÁCIOS
17/12/2012
“Um governo não pode determinar prec?os, pela mesma razão que uma gansa não pode botar ovos de galinha”. A frase do Prof. Ludwig von Mises mostra muito bem a simplicidade e a genialidade que lhe eram características! É uma senhora pedrada bem no meio da testa dos economistas e burocratas com arrogância e humildade tendendo, respectivamente, a infinito e a zero, que acreditam que é possível tabelar, administrar, congelar, manipular, fixar ou controlar qualquer tipo de preço, seja para “estimular” setores da economia, para “melhorar a vida dos mais pobres”, para “combater” a inflação ou para qualquer outra finalidade cheia de boas intenções, mas das quais o inferno está repleto. Um desses preços, que os que se recusam a aceitar a simplicidade da boa teoria econômica acham ser essencial controlar, é a taxa de juros, algo que, na verdade, nem existe, porque o que existe no mundo real não é “a” taxa de juros, mas diferentes taxas de juros para diferentes títulos, aplicações e prazos.
Há certos conceitos – como o de preço - que pensamos dominar, mas que, a rigor, conhecemos apenas superficialmente. O que vêm a ser afinal preços? Em sua essência, são resultado das ações de indivíduos e de grupos de indivíduos que, agindo intuitivamente e em seu próprio interesse, fazem suas escolhas econômicas na suposição de que sejam, a priori, as melhores dentre todas as possíveis, dados seu estado de conhecimento e suas motivações em cada momento específico do tempo.
QUEM AVALIA O MEC?
15/12/2012
Nota: Este artigo foi publicado em duas partes em minha coluna semanal do extinto Jornal do Brasil, sob o título "Brazilian Journal of Qualquer Coisa".
(I)
(publicado em 01/10/2007)
Certos órgãos públicos serviriam muito melhor ao público se, simplesmente, fossem extintos! A Lei n.º 11.502, de 11 de julho de 2007, modifica as competências e a estrutura organizacional da Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), órgão do Ministério da Educação. Para o ministro da área, o instrumento legal cria uma “Nova Capes”, que subsidiará o MEC “na formulação de políticas e no desenvolvimento de atividades de suporte à formação de profissionais de magistério para a educação básica e superior e para o desenvolvimento científico e tecnológico do país”. O que Sua Excelência omite é que, para exercer as “novas” funções, que conferem ainda mais poder aos burocratas, a “nova” Capes recebe de presente, na bandeja das nomeações, mais 410 cargos de assistentes e analistas “em Ciência e Tecnologia”, além de 52 cargos adicionais em comissão (DAS), que não exigem concurso para preenchimento.
PRINTING & SPENDING, CO.
14/12/2012
Ben Bernanke, impressor-mor, teimoso de marca maior e que conhece o manual keynesiano de cor, acaba de anunciar que o Fed manterá a taxa de juros básica dos Estados Unidos bem perto de zero, o que já vem sendo feito desde 2010, “até que o desemprego recue para menos de 6,5%”. O banco central americano pensa em comprar mensalmente algo em torno de US$ 45 bilhões de títulos do Tesouro a partir do próximo mês de janeiro, bem como adquirir cerca de US$ 40 bilhões em ativos lastreados em – pasmem! - hipotecas! Se Bernanke e seus krugmanianos assessores não desaprenderam as operações aritméticas básicas, isto significa a “módica” quantia de US$ 85 bilhões/mês. Por sua vez, o FOMC (Federal Open Market Commitee – Comitê Federal de Mercado Aberto em português), pelo menos enquanto a taxa de desemprego permanecer acima de 6,5% e quando a expectativa de inflação cair para menos de 2,5% ao ano, diz em relatório que a taxa básica de juros deve ser mantida perto de zero (hoje está entre 0 e 0,25% ao ano). Mais distante da realidade ainda é a previsão do Fed, de 2% para a inflação em 2013.
PEIXOTO, EUSTÓRGIA, AZEVEDO, MACEDO E A TIRANIA DOS CONTROLES DE PREÇOS
13/12/2012
Comecei a postagem de ontem afirmando que o bem que o Estado pode eventualmente fazer é bastante limitado, mas o mal que pode provocar é imenso. E o que ele nos retira compulsoriamente com suas intervenções na ordem espontânea dos mercados é, foi e será sempre, em qualquer lugar e em qualquer época, muito mais do que ele repõe em termos de serviços prestados aos que o sustentam, ou seja, aos pagadores compulsórios de tributos, eufemisticamente denominados de "contribuintes".
Hoje quero dar um exemplo muito simples do arrasa-quarteirão que o Leviatã, em sua modalidade Estado Babá, costuma provocar nas vidas dos indivíduos. Vou explicar com o exemplo dos controles de preços, lembrando dois dados históricos a seu respeito: o primeiro é que eles existem desde os tempos do Velho Testamento, passando por Nabucodonosor da Babilônia, por Diocleciano em Roma, pelo período que antecedeu a Revolução de 1789 em França e por muitos outros casos; e o segundo é que todas essas intervenções dos governos fracassaram rotundamente, sem ao menos uma solitária e "robinsoncruseana" exceção.
VEJA COMO CERTAS APARÊNCIAS ENGANAM
12/12/2012
O bem que o Estado nos pode fazer - se é que isso é possível - é bastante limitado; mas o mal que pode provocar pode tender ao infinito; o que ele nos pode dar é sempre muito menos do que nos pode compulsoriamente tomar.
Essa frase, que cunhei há uns cinco minutos para abrir esta postagem, nos leva ao excelente artigo de ontem, 11 de dezembro, do Instituto Ludwig von Mises Brasil, sob o título A nova lei da nota fiscal e a discriminação contra os pequenos”, escrito pelo competente staff do Instituto.
Nesta postagem, vou me limitar a tentar resumir aquele artigo, recomendando que todos o leiam em sua íntegra, bem como outro, escrito pelo economista Joseph Salerno, do Mises Institute, traduzido para o português por Leandro Roque e publicado no site do IMB no dia 8 do mês passado, com o título “Quem realmente arca com o fardo dos impostos indiretos”. Os links para esses dois ótimos e esclarecedores artigos são, respectivamente, http://mises.org.br/Article.aspx?id=1479 e http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=1453.
Como o título sugere, trata-se de uma advertência contra um novo ataque à economia de mercado perpetrado pelo Estado, disfarçado de "mais transparência" e "preocupação com os direitos do cidadão", que é como soa à primeira vista e, portanto, antes de uma análise mais acurada, a obrigatoriedade da discriminação dos impostos embutidos nos preços das mercadorias e serviços nas notas fiscais.
A CUCA ESTATAL
11/12/2012
Nana nenê que a Cuca vem aí/Papai foi pra roça, mamãe foi trabalhar... Quem não foi embalado em sua infância mais tenra por essa comovente berceuse, essa tocante lullaby, que até hoje nos remete com emoção ao tempo em que éramos crianças puras e inocentes?
Mas ganha um doce quem souber quem é essa tal Cuca... Bem, para não complicarmos muito, basta mencionarmos que há pelo menos quatro espécies desse misterioso animal identificadas pelos cucólogos - que, por sinal, estão se mobilizando para um "ato público seguido de passeata" da Candelária até a Cinelândia, na Paulista e em todas as outras capitais, para exigir do governo a regulamentação de sua profissão e a instituição do Dia Nacional dos Cucólogos, que deverá ser de ponto facultativo nas repartições estatais.
Eis três das quatro espécies: a primeira é o atual técnico do Clube Atlético Mineiro, bebê-chorão conhecido, talvez por ter medo da terceira espécie; a segunda é, simplesmente, a cabeça de cada um de nós; a terceira, a que é cantada para adormecer inocentes crianças; e a quarta – a pior de todas – vamos examinar mais para baixo neste artigo.
INTELLIGENTZIA OU "BURRITZIA"?
10/12/2012
Rendeu-me panos para mangas aquela postagem de Helio Beltrão ontem no facebook, em que ele mostrou mais uma vez a precisão e acuidade que lhe são peculiares, arrematadas por uma pergunta inteligente e da mais fina ironia: "Esse Willian Vieira, da Carta Capital, afirma que os "livremercadistas desejam a privatização geral da existência". Por acaso esses estatistas acham que nossa existência deveria ser estatal também"? E dispara novamente seu bom humor em tom de palavras de ordem: "Pela Privatização Geral da Existência"! Boa, Helio, aperta aqui!
As mangas a que me referi não são verdes, mas vermelhas; não são doces, mas amargas; não são de época, mas serôdias; e não são frescas, mas apodrecidas. Refiro-me à chamada intelligentzia, da qual a revista Carta Capital é um típico excerto, um fragmento bem característico.
QUESTÃO DE SÉCULOS OU DE POUCOS ANOS?
09/12/2012
Passa um pouco das seis da manhã e, como acontece todos os dias, ouço o barulho do elevador e do porteiro atirando o jornal na soleira de minha porta. Os primeiros raios do radiante sol carioca invadem sem cerimônia as frestas das persianas e vão irradiar sua claridade pela sala, espraiando-se em fachos de luz e libertando-a da escuridão.
Ainda sonolento, vejo a manchete dizendo que a ala do partido que se diz dos trabalhadores e que queria partir para o confronto com o STF, ameaçando ocupar as ruas com as hordas de desocupados dos ditos movimentos sociais e entidades - certamente brandindo aquelas bandeiras vermelhas manchadas pelo sangue dos milhões de assassinatos praticados por seus ídolos Lenin, Stalin, Pol Pot, Fidel e outros inimigos da humanidade, que aquela ala, dizia eu, cujo lema parece ser "avante, para trás!" -, foi vencida na convenção do diretório nacional do partido.
Meno male, concluo apressadamente, porque logo leio a submanchete informando que o partido aprovou moção de solidariedade à presidente da Argentina, aquela grotesca senhora que parece saída de um filme de horror, por - imaginem! - suas ações contra a imprensa de nosso país irmão. Moção de solidariedade para uma ridícula e autoritária personagem que vem amordaçando a livre informação em seu país!
A MÃO DE DEUS NAS MÃOS DE DAVID (ELEGIA A UM GRANDE MÚSICO)
08/12/2012
Sempre que morre um músico o mundo fica mais triste, silencioso e melancólico.
Sou um economista e gosto muito do que faço, mas desde muito cedo me apaixonei pelo piano - o mais nobre dos instrumentos -, sua sonoridade, suas teclas. Minha mãe me ensinou a tocar quando eu tinha uns 4, talvez 5 anos e desde então nunca mais parei, mesmo não tendo optado por ser um músico profissional. Por isso, escrevo este artigo-elegia muito mais com o coração do que com o cérebro.
Juntamente com Bill Evans e Oscar Peterson, David marcou minha juventude, quando deixei o piano clássico e passei a me interessar pelo jazz e pela bossa nova. Outros existiram antes e depois, como Art Tatum, Fats Waller, Ted Wilson, Nat Cole, Thelonius Monk, Bud Powell, George Shearing, Wynton Kelly, Billy Taylor, Cedar Walton, Monty Alexander, Herbie Hancock, Chick Corea, Keith Jarret, mas foram três desses fenomenais artistas que marcaram para sempre minha paixão pelo piano e influenciaram meu modo de tocar. Foram, por ordem de “chegada” à minha vida musical, Dave, Oscar e Bill.
MAIS UM PACOTE FRACOTE
07/12/2012
Planos de governo invariavelmente são fracassos com datas marcadas! Esta é uma grande verdade, mas sempre há os que não acreditam nas verdades simples e tentam argumentar infantilmente com expressões do tipo “não é bem assim” ou “desta vez vai dar certo” ou “vamos torcer para dar certo” [torcer eu torço, sim, mas pelo Fluminense, cabras da peste] ou ainda “você é muito radical, lembre-se de que a virtude está no meio”. Quando alguém nos disser isso, podemos fulminá-lo imediatamente com um direto no queixo (ou, melhor ainda, com um simples peteleco nos dois ou três neurônios de seu cérebro), contra-argumentando que quem não acredita na existência da verdade então não pode ter certeza de que aquilo que está falando é verdadeiro e, portanto, está nos dando o direito de dizer-lhe que não podemos acreditar no que diz. Por conseguinte, se ele não acredita que a verdade existe está, no fundo, dizendo, sem que tenha capacidade para perceber isso, que ela existe!
ÀS FAVAS COM O POLITICAMENTE CORRETO!
06/12/2012
Tudo deve ter um limite nesta vida, mas esse não parece ser o entendimento desses grupos politicamente corretos - uma torre de Babel de Ongs, governos, jornalistas, ensaístas, economistas, vigaristas, defensores de "direitos humanos", ordens e conselhos de profissionais liberais, "entidades" (que não são aquelas dos centros espíritas), Banco Mundial, Unesco, Onu, associações de gays, lésbicas e congêneres, grupos racialistas que assumem posições claramente racistas, defensores de cotas, feministas, "movimentos sociais"...
É uma Babel diferente, porque, nela, todos falam a mesma linguagem, o nefando dialeto politicamente correto!
SEGUUUUUURA O POMBO!
05/12/2012
Meu saudoso pai gostava de contar uma história que se passou com ele e que, mesmo sendo triste se analisada pelo ângulo da caridade, não deixava de despertar muitos risos em todos que a ouviam. Certo dia foi o velho Sylvio, sempre bem humorado, mas de gênio forte, visitar um amigo que não via há bastante tempo e que era diretor de um manicômio. Esse amigo ficou tão feliz com a visita de meu pai que fez questão de mostrar-lhe todas as dependências da instituição. Pois bem, ao passarem por um corredor margeado por quartos em que os doentes ficavam internados, de repente um deles abriu bruscamente uma das portas e, com um movimento rápido e semelhante ao daqueles arremessadores olímpicos de discos, atirou um tijolo na direção de meu pai e seu amigo, gritando: “Seguuuuuura o pombo”! O incidente não teve maiores consequências porque ambos se desviaram a tempo da “ave”, mas o diretor teve que aguentar por alguns minutos a indignação de meu pai, o que não era fácil – digo-o por experiência própria.
ROYALTIES PARA A EDUCAÇÃO? CONTA OUTRA, VAI, MANÉ...
04/12/2012
A piada da vez é a seguinte: estados e municípios não produtores de petróleo terão que aplicar em educação as polpudas receitas provenientes dos royalties com que, estapafurdiamente, vão ser contemplados à custa dos pagadores de tributos daqueles que produzem o valorizado fóssil, a saber, Macaé, Vitória e Santos e, naturalmente, os estados do Rio de Janeiro, Espírito Santo e São Paulo. Puxa vida, como nossos congressistas são bonzinhos, como se preocupam com a educação do povo, como professam a fé cega de que o petróleo pertence a "todos os brasileiros"! E como acreditam piamente que para enriquecer pobres é preciso empobrecer "ricos"!
Quem conhece bem a terra de Macunaíma e os meandros bolorentos e fétidos da nossa política com suas seculares nuances de paternalismo, especialmente na maioria dos estados e municípios nordestinos, deve estar muito feliz com tão caridoso intento, pois sabe que, de fato, os recursos serão aplicados em educação: sim, educação de filhos e filhas de prefeitos e governadores em colégios suíços, anuidades para custear parentes de coronéis em escolas francesas e inglesas, bolsas de estudo para familiares de secretários e políticos em high schools e colleges nos Estados Unidos...
O VERDADEIRO PAPEL DOS ECONOMISTAS
03/12/2012
Desde que o keynesianismo ganhou notoriedade e imediatamente invadiu os currículos dos cursos de Ciências Econômicas em praticamente todas as universidades do mundo, os economistas têm sido treinados para intervir no processo de mercado, sob os mais diversos pretextos. Com efeito, a partir dos anos 30 do século passado, multiplicaram-se disciplinas como Macroeconomia, Política Fiscal, Política Monetária, Pesquisa e Planejamento Econômico, Organização Industrial, Política Tributária e muitas outras de tonalidades intervencionistas. O uso crescente do instrumental matemático e o grande desenvolvimento de técnicas econométricas sofisticaram as recomendações dos economistas para os governos. Nos cursos de Microeconomia, os livros textos passaram a gastar páginas e mais páginas para explicar alegadas “falhas de mercado”, deixando de mencionar duas grandes verdades: a primeira é que mercados não têm “falhas”, no sentido de que funcionam sempre, quaisquer que sejam as circunstâncias de tempo e de lugar; e a segunda é que as falhas do governo, essas sim – é que desorganizam a ordem econômica natural e espontânea que só pode germinar em economias de mercado.
FUTEBOL E (FALTA DE) ÉTICA
02/12/2012
Domingo, dia de missa de manhã, de pasta no almoço e de futebol no final da tarde. Hoje termina o Brasileiro, com o espetacular título conquistado pelo meu amado e eterno Tricolor, o clube mais tradicional e fidalgo do Brasil e, desde sua fundação em 21 de julho de 1902, verdadeira fábrica de títulos. É claro que estou feliz, muito feliz.
Mas quero deixar a comemoração de lado para falar de comportamentos muito tristes e que revelam impressionante falta de ética e rompimento com o verdadeiro espírito esportivo. Refiro-me a atitudes reprováveis da maioria dos que estão envolvidos profissionalmente com nosso esporte favorito: jogadores, árbitros, dirigentes, técnicos, jornalistas, torcidas e, até, políticos, sem nos esquecermos da Fifa. Vamos lá então:
OLHA O “PIBINHO” AÍ, Ó...
01/12/2012
Ontem, último dia de novembro, saíram os resultados de diversos indicadores para a economia brasileira para o terceiro trimestre deste ano. Todos, sem sequer uma solitária exceção, previstos pelos poucos economistas da tradição austríaca existentes no país de Macunaíma: 0,6 de crescimento dessa coisa inexistente a que chamam de “PIB” (o que indica uma taxa pífia de crescimento de 1% ou menos do que isso, de janeiro a dezembro de 2012); queda na taxa de investimento de 20% para algo em torno de 18,5%, do PIB; 0,9% de aumento no consumo das famílias, apesar de todas as “bondades” cometidas pela equipe de Mantega e pelo banco central “desenvolvimentista” de Tombini; crescimento de 2,5% em nossas atividades agrícolas... Com isso, o Brasil está em 20ª lugar no campeonato mundial de crescimento, resultado bem abaixo dos alcançados pelos demais Brics e pior que o da nossa seleção de futebol, que está com o 14ª.
Tudo isso – e muito mais – conforme previsto pela teoria austríaca! Olhem só um pequeno trecho da entrevista que concedi à revista Vila Nova, há cerca de três meses (e que está postada na íntegra neste blog):
O ESTADO E A CAMA DE PROCUSTO
01/12/2012
Na mitologia grega, Procusto (que pode ser também grafado como Procuso) era um sujeito de Ática que possuía em sua casa um leito de ferro e que tinha o hábito de sair pelas ruas e deter os viajantes, convidando-os para comer em sua casa e oferecendo-lhes depois sua cama de ferro para que descansassem. Era malvado, na verdade um psicopata, porque, mal o desafortunado pegava no sono, se comprazia em amarrar o incauto pelos pés e pela cabeça à cabeceira, para ajustar o comprimento das pessoas ao da cama: se o infeliz fosse maior do que esse último serrava-lhe os pés e, se fosse menor, desconjuntava-os, esticando-os até que a distância entre cabeça e pés ficasse idêntica à da cama.
No relato mitológico, Procusto foi morto por Teseu, que lhe infligiu o mesmo castigo que aplicava às suas vítimas. Bem feito, não?
Page 14 of 16