Jun. 2020 - ACORDE E VEJA O QUE O GLOBALISMO QUER FAZER COM VOCÊ
Artigo do Mês - Ano XIX– Nº 218 – Junho de 2020
Imagine que você esteja em 2030, vivendo em um mundo já então completamente globalista, multilateral, politicamente correto, obediente à titia ONU e sob a tutela de uma Constituição Mundial, o Livro Vermelho do século XXI. Em outras palavras, suponha que você, mesmo tendo nascido em um país específico, seja agora um cidadão da nova ordem mundial, condição que lhe meteram goela abaixo. Que tal rascunhar como será a sua vida?
Se você é branco, saiba que já nasceu com uma baita dívida “histórica” que será forçado a pagar; se avistar uma mulher bonita vindo em sua direção e não desviar o olhar quando ela passar por você, muito possivelmente será acusado de crime de assédio; se, respeitosamente, apenas elogiar a sua beleza, provavelmente passará anos em uma prisão, condenado por assédio seguido de tentativa de estupro; se pedir um bife em um restaurante, hordas de lagartas ambientalistas na forma de seres humanos o denunciarão ao Ministério da Lagartização Mundial, cujo objetivo é forçar todo e qualquer ser humano a ser um vegetariano e, preferivelmente, um vegano; se arrancar a tiririca do seu jardim, será julgado, provavelmente por uma sueca feia e furiosa, agora na casa dos trinta que, bancada por George Soros e seus comparsas, ficou famosa em 2019, quando ainda era uma pirralha.
Além disso, se você for avesso a relacionar-se com pessoas do mesmo sexo, será autuado por homofobia e poderá amargar a pena de dividir uma cela com algum cuspidor; se for homossexual, negro, mulher ou índio, mas não for de esquerda, será tachado de traidor da causa; se beber um inocente copo de leite, vão meter o dedo em sua cara por ser um abominável supremacista branco; se afirmar que os culpados por crimes são os próprios criminosos e que eles devem ser punidos, quem vai ser apenado é você, por falta de sensibilidade social; se acender um inocente cigarro, ou uma simples fogueira para festejar São João na frente de alguém, vão acusá-lo de incendiário que deseja queimar a Amazônia e de assassino do meio ambiente; se tiver a
Maio 2020 - A CHAMADA, A CANTADA E A PANCADA
Artigo do Mês - Ano XIX– Nº 217 – Maio de 2020
Em meio a um turbilhão de problemas, preocupações e incertezas políticas e econômicas, um verdadeiro pandemônio alimentado pela saída do ministro da Saúde e, poucos dias depois, aquela saída nada cavalheiresca do ministro da Justiça e Segurança Pública, tudo isso em tendo como cortina a enorme tensão provocada por confinamentos, máscaras, estímulos ao pânico, prisões de senhoras por caminharem em praias e ataques incessantes ao governo por parte da velha mídia, volto a dizer, em meio a tudo isso e como se fosse pouco, eis que se passou uma cena inacreditável.
Segundo revelou em primeira mão o site Poder360, repercutido depois por diversos órgãos de imprensa e nas redes sociais, o governador de São Paulo, do PSDB, telefonou para o ministro da Economia pouco depois impacto provocado pelo ex-ministro da Justiça e Segurança Pública ao demitir-se no dia 24 de abril. Até aí, nem o Neves tinha morrido.
Mas, quando o governador sugeriu ao ministro que desembarcasse do governo federal, pois assim fazendo estaria “salvando sua biografia”, a chamada revelou-se uma cantada. E a resposta do ministro foi uma verdadeira pancada, segundo relatou a matéria. Eis o diálogo em toda a sua bizarrice:
Abr. 2020 - CORONAVÍRUS E “COMUNAVÍRUS”
Artigo do Mês - Ano XIX– Nº 216 – Abril de 2020
O coronavírus
A peste que veio do leste – mais especificamente, da China – está submetendo o planeta a uma experiência inusitada e bastante perigosa. Alguns dizem que a coisa nasceu quando um idiota, sem qualquer noção de higiene, comeu uma inacreditável e repugnante sopa de morcego-comedor-de-cobra, iguaria que alguns tentam nos empurrar como fruto de “hábitos culturais”, mas que ninguém me convence de que não tenha sido imposta aos chineses pela necessidade de sobreviver à fome, comum a todos os povos que experimentam o comunismo. Outros especulam que teria surgido em laboratório e, dentre esses, há quem sustente que seria uma arma biológica do PC chinês para conquistar o mundo.
Nunca me arrisco a dar palpites sobre coisas que desconheço e, nesse caso, esse hábito, herdado de meu pai, é ainda mais indicado, por tratar-se de um tema novo, complicado e cheio de dúvidas e mistérios. Ademais, se os entendidos ainda não o entenderam, é impossível que não entendidos possam entendê-los. Como não entendo bulhufas de vírus, porque moro na “praia” da economia, onde mergulham, tomam sol, caminham e surfam a oferta e a demanda, a poupança e o consumo, a produção e o investimento, só o que posso me atrever a afirmar, sem medo de erro ou exagero, é que o Covid 19 é um inimigo que tira vidas, impõe custos sociais tremendos e ameaça destroçar as atividades econômicas em todo o planeta.
Para termos uma esquálida - e, mesmo assim, enigmática - ideia da devastação que pode se abater sobre o mundo, do início deste ano até o final de março, a peste do leste já se estendeu a mais de 150 países e a cinco continentes, infectou mais de 450 mil pessoas e interrompeu perto de 24 mil vidas.
Mar. 2020 - POR QUE A ESQUERDA DEFENDE OS CRIMINOSOS?
Artigo do Mês - Ano XIX– Nº 215 – Março de 2020
“Embora discorde das ideias dele, Fulano de Oliveira me parece um sujeito bem intencionado”. Quem ainda não ouviu frases como essa? Não é difícil encontrar pessoas ingênuas que se deixam ludibriar por aparências ilusórias de benevolência e que se tornam, quando o tema é o combate e a punição ao crime, defensores de práticas despidas de qualquer justificativa moral e ética, como desencarceramento, desarmamento, indultos em diversas datas comemorativas, audiências de custódia, prisão domiciliar, prisão em segunda e “terceira” instâncias, visitas “íntimas” e outras, entre as quais até mesmo a prática de certos delitos. A verdade é que o Almeida pode ser um cara indulgente, complacente, honesto, bom e humano, mas que, certamente, desconhece que quando defende ou faz vistas grossas a esses padrões tortos, está sendo usado por gente de intenções nada boas para promover sua ideologia. Ou seja, é um bocó útil, um mané de manobra.
Por isso, é preciso ficar atento ao que realmente se esgueira atrás das aparentes boas intenções que políticos, intelectuais, artistas e a mídia de esquerda fazem questão de apregoar e averiguar por que insistem em – relevem a gíria – passar a mão na cabeça de delinquentes, em um espetáculo permanente e macabro de prestidigitação, em que culpados são transformados em vítimas e massas de inocentes em culpados, em consonância com a bandidolatria e o garantismo penal, duas pragas que, infelizmente, não são meras maluquices, são coisas bem piores, como tentarei resumir mais adiante.
Antes, porém, é preciso ter em mente que a liberdade é apenas a meia parte de um fenômeno mais amplo, aquela mais agradável, a dos direitos, cuja contrapartida é o hemisfério dos deveres e da responsabilidade. Se isso não é levado em conta, se a liberdade é encarada simplesmente como o poder de fazer tudo o que se tem vontade de fazer, ela se degenera e se transforma em prisão e em arbitrariedade.
Não à toa, escreveu o grande neuropsiquiatra austríaco Viktor Emil Frankl (1905-1997), na obra Em Busca de Sentido – Um Psicólogo no Campo de Concentração:
Fev. 2020 - LIBERALISMO À LA CARTE (OU: O MEU “LIBERALISMO” É MAIOR DO QUE O SEU, MANÉ)!
Artigo do Mês - Ano XIX– Nº 214 – Fevereiro de 2020
(Resumo da Conferência de Abertura proferida na Summer School 2020, em 6/2/2020, em Conchas, SP)
1. O PROBLEMA DA DEFINIÇÃO DE LIBERALISMO
O liberalismo é um fenômeno histórico complexo e difícil de definir. Reflete a diversidade histórica, da mais antiga à mais recente e moldou o Ocidente moderno. Nasceu como um protesto contra os abusos do poder estatal, exigindo limitação e divisão da autoridade.
Por consenso histórico, surgiu na Inglaterra, na luta política que culminou na Revolução Gloriosa de 1688 contra Jaime II, em que os objetivos dos vencedores eram a tolerância religiosa e o governo constitucional, dois pilares do sistema liberal e que se espalharam com o tempo pelo Ocidente. Nos 100 anos entre a Revolução Gloriosa (1688) e a Revolução Francesa (1789-1799), o liberalismo – ainda protoliberalismo – era associado com o sistema inglês, uma forma de governo fundada em poder monárquico limitado e liberdade civil e religiosa.
Na Inglaterra, o poder arbitrário foi contido e havia mais liberdade geral do que em qualquer outra parte da Europa e lá a aliança entre lei e liberdade promovia uma sociedade mais próspera do que nas monarquias continentais. Os pensadores do Iluminismo escocês – David Hume, Adam Smith e Adam Ferguson – mostraram as vantagens do governo submetido à lei e da liberdade de opinião e concluíram que o Estado deveria atuar minimamente, zelando pela paz e segurança.
Luigi Einaudi (1874/1961) caracterizava a sociedade liberal pelo governo da lei e a anarquia dos espíritos, esta última decorrente dos conflitos de valores, que impede a consecução de um “equilíbrio”. O liberalismo pressupõe uma grande variedade de valores e crenças que são subjetivos e por isso a harmonia da sinfonia liberal tem partes de consonâncias e de dissonâncias.
Jan. 2020 - A ÁGUIA JÁ ESTÁ VOANDO, APESAR DO “2 CONTRA 1”
Artigo do Mês - Ano XIX– Nº 213 – Janeiro de 2020
Dois mil e dezenove passou como um foguete e já é tempo de repetir aquele exercício de atribuir uma nota ao ano que se encerra e mostrar as expectativas para o que se inicia. Vamos lá, então?
O Presidente Bolsonaro foi eleito porque não teve medo de se colocar abertamente, sem meias palavras ou discursos dúbios, como inimigo da esquerda, em favor da economia de mercado (quem não se lembra do “Posto Ipiranga”) e de se empenhar para fazer a sociedade resgatar os valores judaico-cristãos massacrados progressivamente durante décadas. De fato, quem votou no capitão em 2018 estava chancelando – pois o programa de governo e a campanha deixaram isso bem claro - o liberalismo econômico clássico e o conservadorismo em termos de valores éticos e morais. É verdade que sua votação foi favorecida, também, pelo oceano de corrupção que alagou o PT e seus principais líderes, mas acredito que essa aversão não tenha sido seu principal cabo eleitoral, pois as diversas alternativas para quem não quisesse votar no “poste” petista tiveram votação inexpressiva no primeiro turno, pela mesmice e pusilanimidade dos postulantes.
INFLAÇÃO, JUROS, CÂMBIO E A ESCOLA AUSTRÍACA
Artigo do Mês - Ano XVIII– Nº 212 – Dezembro de 2019
Vem ocorrendo há algum tempo uma preocupação por parte de alguns economistas e, principalmente, da imprensa, com a desvalorização do Real frente ao dólar norte-
americano. Segundo surrados rumores de alguns “especialistas”, a depreciação de nossa moeda seria um mal e um bem simultâneos: mal, porque depois de algum tempo pressionaria o IPCA e bem porque estimularia as nossas exportações. Infelizmente, certos experts ainda não aprenderam o que é inflação e continuam a confundi-la com aumentos de preços e, adicionalmente, se mantêm presos a falácias mercantilistas, como a de que exportar é bom e importar é uma verdadeira praga egípcia para “o país”.
Desde o último dia 2, essa preocupação transformou-se em verdadeiro chilique histérico, com pitadas de nacionalismo primitivo. Foi quando Trump, em uma de suas costumeiras recaídas no protecionismo, anunciou em suas redes sociais a retomada imediata pelo seu governo das tarifas sobre o aço e o alumínio do Brasil e da Argentina, com o pretexto de que ambos “têm promovido uma forte desvalorização de suas moedas, o que não é bom para nossos fazendeiros". Pronto, isso foi suficiente para trazer de volta velhos argumentos infantis de que nosso governo estaria sendo subserviente, de que o Brasil deveria revidar, de que deveríamos declarar guerra comercial aos ianques e outros de teor – e horror - semelhante.
Registre-se que, poucos dias antes, o próprio ministro da Economia, sem qualquer necessidade, declarou à imprensa, em Washington, que um dólar forte em relação ao Real seria algo desejável e “muito bom”, o que – convenhamos – produziu aquele efeito de que nos alertou São Paulo, quando advertiu os coríntios que, quando a trombeta emite sons incertos, a confusão entre os soldados é líquida e certa. Foi só o ministro abrir a boca e a mosca, como era previsível, entrou - pela abertura da trombeta...
Nov. 2019 - UM RECADO PARA CERTOS “CRÍTICOS” DE MISES
Artigo do Mês - Ano XVIII– Nº 211 – Novembro de 2019
Graças aos esforços solitários pioneiros de uns poucos abnegados e, desde 2007, ao surgimento do Instituto Mises Brasil e, posteriormente, de alguns grupos de estudos e associações, há alguns anos o economista austríaco Ludwig von Mises (1881-1973), bem como Friedrich August von Hayek (1899-1992), passaram a tornar-se progressivamente conhecidos no Brasil até que, hoje, o primeiro vem liderando com folga significativa as pesquisas de buscas no Google e se sobrepondo ao sempre bajulado e badalado John Maynard Keynes (1883-1946). Neste ano de 2019, o atual ministro da Economia, mesmo sendo oriundo da Escola de Chicago dos anos 70 e 80, citou ambos elogiosamente em vários de seus discursos, o que naturalmente aguçou ainda mais a curiosidade do público. Isso não é pouca coisa. O Brasil é atualmente o único país onde Mises é mais buscado no Google do que Keynes.
Era, portanto, inevitável que os incomodados com esse crescimento extraordinário do interesse pelas ideias dos autores da Escola Austríaca de Economia, reagiriam pelo abalo em sua tradicional dominância nos meios acadêmicos, jornalísticos, políticos e ditos intelectuais.
E a reação assumiu duas formas. A primeira é bem-vinda e salutar: as críticas com um embasamento acadêmico, dignas de debates e refutações por parte dos economistas austríacos, como vem ocorrendo desde a famosa controvérsia do início dos anos 20 sobre o cálculo econômico no socialismo, em que os economistas socialistas Abba Lerner e Oskar Lange, respondendo a um artigo de Mises publicado em 1920, tentaram refutar com argumentos a posição de Mises de que em regimes que abolem a propriedade privada dos meios de produção é simplesmente impossível realizar o cálculo econômico. Mais tarde, a partir dos anos 30, juntaram-se aos críticos de Mises, entre outros, Karl Paul Polanyi, o mais conhecido, todos com argumentos acadêmicos, embora sempre sujeitos a refutação.
Mas a segunda maneira de reagir à crescente influência de Mises, Hayek e da Escola Austríaca no Brasil, a rigor não mereceria sequer ser mencionada, porque não passa de um coquetel - nada científico - de vícios, como arrogância, prepotência, pretensão, ironia sem fineza, sarcasmo, ignorância, falta de ética, desonestidade intelectual, ausência de senso de ridículo e uma incrível necessidade de aparecer on stage.
Menciono esse segundo tipo de reação tão somente porque tem se tornado frequente, especialmente na internet, em “textões”, artigos não acadêmicos, entrevistas,
Out. 2019 - UNIVERSIDADES FEITAS DE UMA NOTA SÓ
Artigo do Mês - Ano XVIII– Nº 210 – Outubro de 2019
As universidades públicas brasileiras são o caminho certo para transformar o filho que você criou com tanto amor e carinho em um robô, programado para repetir incessantemente, na boca e na prática, todo o repertório socialista-comunista, de que fazem parte a luta de classes, o controle do Estado sobre a vida dele e a sua, o desestímulo ao trabalho e ao mérito, a insuflação ao ódio entre brancos e negros, mulheres e homens e heterossexuais e homossexuais, o horror à iniciativa privada, ao lucro e ao capitalismo, a aversão à religião (especialmente ao Cristianismo), a contestação da instituição da família, o relativismo moral, o descuido com a própria higiene, a imposição de maluquices e depravações como se fossem manifestações realmente artísticas, a tolerância às drogas e aos bandidos e outras coisas do gênero, que são ensinadas como sendo necessárias para a “libertação”, como verdades absolutas e inoculadas em suas cabeças.
Esse triste quadro não acontece por acaso. É, como sabemos, fruto de décadas de um trabalho consistente e rigoroso de aplicação dos métodos frankfurtianos e gramscianos de ocupação de espaços em toda a estrutura do sistema cultural, para fazer a “revolução”. E também não se limita ao ensino superior, porque desde a mais tenra idade as crianças são submetidas à pedagogia freireana dos oprimidos, que não passa de uma forma rebuscada de incutir a praga do comunismo em suas cabeças,de um eufemismo para o mote ‘educar para a revolução’.
Quando pisei pela primeira vez na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), nos idos de 1991, para me informar sobre aquele concurso para docente da Faculdade de Ciências Econômicas por meio do qual, três meses depois, ingressei no Departamento de Análise Econômica, fiquei espantado com a quantidade de barraquinhas de partidos políticos, todos de esquerda, localizadas no “queijo”, como é chamado na intimidade dos que conhecem o campus do Maracanã, um pequeno bloco de concreto circular que existe no térreo, perto do acesso aos elevadores. Ali vendiam de tudo, pins, bottons, chaveiros, bonés, bandeiras, camisetas, folhetos, jornais em que se lia fora Collor e outras bugigangas, mas, sobretudo, vendiam as mercadorias ilegais – que não podem ser toleradas, especialmente em uma universidade - da ilusão do paraíso socialista, da quimera da utopia igualitária e da fábula da justiça social, que costumam ser atraentes para muitos jovens bem intencionados.
Set. 2019 - A NOVA ECONOMIA INSTITUCIONAL (NEOINSTITUCIONALISMO)
Artigo do Mês - Ano XVIII– Nº 209 – Setembro de 2019
O século XX foi essencialmente uma era de coletivismo explícito, em que os Estados e seus governantes provocaram o maior número de mortes da história em nome de ideologias e em que centenas de milhões de pessoas tiveram as vidas ceifadas por guerras e perseguições. Foi uma das épocas mais turbulentos da história da civilização, com duas guerras mundiais arrasadoras, os flagelos do nazismo e do comunismo, a Guerra Fria e muitos outros acontecimentos perversos. Nas ciências sociais, foi, também, uma longa época de predominância da crença quase mística em um pretenso poder que teria o Estado de melhorar a vida das pessoas, especialmente na área econômica, porque a partir da segunda metade da década de 1930 e principalmente no período após a Segunda Guerra Mundial, a maioria dos intelectuais e acadêmicos, mesmo os que se diziam simpáticos ao capitalismo, se deixou seduzir pelas ideias do welfare state.
O LIBERALISMO NÃO ESTÁ NEM “DENTRO” E NEM “FORA” DO GOVERNO BOLSONARO, ELE ESTÁ ENTRANDO!
Artigo do Mês - Ano XVIII– Nº 208 – Agosto de 2019
Antes de falar ou escrever sobre qualquer assunto, devemos procurar saber tudo o que pudermos sobre esse assunto. Isso pode parecer óbvio, mas, infelizmente, vivemos tempos em que muitos pensam que podem discorrer sobre qualquer coisa, desde física quântica até reprodução em cativeiro dos ursos Panda.
Sendo assim, é necessário começar esclarecendo que o sentido da palavra liberal aqui utilizado é o do liberalismo clássico anglo-saxão - e não o que se usa nos Estados Unidos, onde os liberals são de centro-esquerda ou mesmo esquerdistas mais radicais. Um liberal, então, é alguém que defende liberdades individuais, direitos de propriedade, limitação do poder do Estado, rule of law, igualdade perante a lei e economia de mercado. Esse esclarecimento também é importante porque o adjetivo de dois gêneros liberal tem vários significados: pode referir-se a quem é generoso, dadivoso, pródigo; a quem é adepto da doutrina liberal, a quem é um profissional sem vínculos empregatícios; e a quem, simplesmente, respeita a liberdade de opinião, o comportamento, a religião e as escolhas dos outros.
Depois de muitos anos sendo submetido a ataques incessantes na mídia, a críticas repletas de menosprezo, faniquitos e deboches e sendo tratado com desdém dentro das universidades, parece que atualmente o liberalismo está em alta. Dois indicadores desse fenômeno são o retorno de polêmicas pretéritas e também o visível empenho de muita gente - que nunca foi liberal - em arrogar para si o adjetivo que antes desprezava.
Entrevista no Instituto de Estudos Empresariais
Entrevista em evento do Instituto de Estudos Empresariais (IEE),
realizada em 17/06/2019, na sede do Instituto Ling de Porto Alegre.
Uma breve exposição sobre a primavera liberal que vem
ocorrendo no Brasil a partir da nomeação para o cargo
de Ministro da Economia de um economista genuinamente
liberal, pela primeira vez depois de muitas décadas.
Veja aqui.
Jul. 2019 - ESCASSEZ X ABUNDÂNCIA, SOCIALISMO X CAPITALISMO
Artigo do Mês - Ano XVIII– Nº 208 – Julho de 2019
Um dia desses, caminhando pelo bairro, lembrei que precisava trocar minha escova dental. Entrei em uma das várias drogarias que, mesmo com a Anvisa fazendo o possível – e, às vezes, o impossível - para impedir qualquer tipo de competição, recorrem à criatividade para disputar consumidores mediante ofertas e promoções. By the way, o que mais existe no Rio de Janeiro (além de políticos corruptos, buracos em calçadas, ex-governadores presos e bandidos) são drogarias.
No corredor e diante da gôndola, ao observar a enorme variedade de escovas, fiquei indeciso e até momentaneamente incapaz de escolher alguma. Entrei em outra drogaria e aconteceu o mesmo, saí sem ter comprado o bendito apetrecho. Aconteceu o mesmo na terceira e só na quarta consegui fazer a escolha, mesmo assim ainda sem aquela certeza tranquilizadora. Por óbvio, não era a primeira vez que comprava uma escova dental, mas não me lembrava de ter experimentado indecisão semelhante. Aquela manhã de agenda vazia e de cabeça sem preocupações era propícia para aquele périplo de drogarias e também para abrir espaço para pensamentos mais amenos e reavivamento de lembranças, relatados em seguida.
Já reparou como é impressionante a variedade de tipos, finalidades, preços e cores de escovas dentais que se pode encontrar no corredor de uma boa drogaria? Tradicionais, elétricas, digitais, iônicas, unitufos, ortodônticas, interdentais, macias, ultramacias, extramacias, antiplaquetas, anticáries, antitártaros, branqueadoras, para limpezas profundas, multiprotetoras, multiusos, para gengivas sensíveis, para gengivas raiz, para banguelas, para dentuços, repairs, protects, gentles, true whites, médias, duras, ovais, retangulares, com cabos flexíveis, cabos duros, cabos retos, cabos com duas curvas, cabeças pequenas, cabeças grandes, verdes, brancas, azuis, laranjas, vermelhas, amarelas, todas com mil e um matizes, transparentes, com recipientes para proteger as cabeças, sem recipientes, caras, baratas, em dupla, solitárias, três pelo preço de duas, etc.
Jun. 2019 - A UNILA: UM EXEMPLO DE ALICIAMENTO IDEOLÓGICO E CORROMPIMENTO PEDAGÓGICO
Artigo do Mês - Ano XVIII – Nº 207 – Junho de 2019
No último mês de abril, fui conhecer Foz do Iguaçu e suas famosas atrações, entre elas a usina da Itaipu Binacional, uma obra portentosa de engenharia cuja grandeza causa admiração. Felizmente, essa valorização natural do trabalho dos engenheiros que a construíram não é afetada pela decepção de saber que a empresa foi usada pelas criaturas das trevas que povoaram o poder de 2003 a 2016 para oferecer benefícios completamente alheios à geração de energia. [Ver, neste link e neste que, em apenas cem dias, a administração do novo governo federal já economizou R$ 163 milhões]. Entretanto, não é sobre esse desvio de objetivos que pretendo escrever, mas sobre outro, um subproduto dessa apropriação que nos leva às raias da estupefação e da indignação.
Quando o furgão da empresa de turismo estava nos primeiros quilômetros da comprida Avenida Tancredo Neves, que conduz à entrada da usina propriamente dita, notei um enorme esqueleto de concreto à esquerda, com aparência de que havia sofrido um bombardeio. Antes que alguém lhe perguntasse, o motorista foi logo dizendo a todos que se tratava, literalmente, “de uma universidade que a Dilma ia construir para alunos brasileiros, paraguaios e argentinos, mas que faltou dinheiro e que por isso a obra teve que parar”. Perguntei-lhe, então, em minha absoluta ignorância, o que tinha acontecido e se havia alunos e ele me respondeu, também ao pé da letra, que aquele “edifício não chegou a ser inaugurado, mas que a universidade (ele não sabia ao certo o nome) estava funcionando em alguns prédios no centro da cidade de Foz do Iguaçu”.
Movido pela curiosidade, resolvi fazer rápida pesquisa nas ruas populosas e tortuosas da internet e comecei aprendendo que a ideia de sua criação data de 2007, primeiro ano do segundo mandato petista e foi efetivada, já sob a sombra “daquela que estoca ventos”, pela Lei nº 12.189/2010. Localizada na fronteira do Brasil com a Argentina e o Paraguai, a Universidade tem como missão “formar recursos humanos aptos a contribuírem com a integração latino-americana, com o desenvolvimento regional e com o intercâmbio cultural, científico e educacional da América Latina, especialmente no Mercosul”, sendo a primeira universidade pública no Brasil com uma cota de 50% das vagas destinadas a estrangeiros.
Maio 2019 - A ESCOLA AUSTRÍACA NO BRASIL: DO CARRO DE BOI AO NAVIO CRUZEIRO
Artigo do Mês - Ano XVIII– Nº 206 – Maio de 2019
Depois de uma eternidade sob a tutela de governos intervencionistas, o Brasil está experimentando um fenômeno auspicioso, que podemos chamar de primavera da liberdade, em que a tônica é a defesa da liberdade na economia, na política e nos meios culturais, dos direitos naturais e dos valores conservadores. Creio não ser exagero afirmar que o governo que se iniciou em janeiro deste ano é o primeiro, desde o golpe de 15 de novembro de 1889, de cariz nitidamente liberal-conservador.
É impossível afirmar se esse semblante do Estado vai durar ou não, mas o fato é que, pelo menos por enquanto, ele veio a calhar, pois está acontecendo no mesmo tempo que outra manifestação venturosa, a saber, a de que, para bem-estar de todos e felicidade geral, foram-se os tempos em que dizíamos, em tom de brincadeira, que os adeptos da Escola Austríaca no Brasil cabiam folgadamente em um fusquinha. Crescemos, estamos crescendo cada vez mais e pretendemos continuar crescendo.
Quero com isso dizer, obviamente, que aumentamos em número e que desfrutamos hoje, depois de muitos esforços abnegados de uns poucos precursores, de uma posição em que já nos procuram para ouvir nossas opiniões sobre o cenário econômico e as medidas da equipe econômica do governo.
Abr. 2019 - O BOMBARDEAMENTO CRUENTO E NOJENTO
Artigo do Mês - Ano XVIII– Nº 205 – Abril de 2019
Quem conhece a história do nosso país, a verdadeira, aquela que relata os fatos tal como aconteceram - e que é bem diferente daquela outra, distorcida e escrava da ideologia, que os professores “progressistas” enfiam irresponsavelmente nas cabeças de crianças, jovens e adultos – pode afirmar com total segurança que desde o ano de 1500 nunca um chefe de Estado, seja Governador Geral, Vice-Rei, Príncipe Regente, Imperador ou Presidente, sofreu tantos ataques sucessivos como o atual Presidente.
A parcela da população brasileira que não se deixa guiar, atônita, perplexa e embasbacada, vem assistindo, desde o primeiro dia deste ano e mesmo antes da própria posse do atual mandatário, a um bombardeamento cruento, impiedoso e terrível por parte dos ditos meios de comunicação. É, sem exagero, estarrecedor o canhoneio quase bélico contra o chefe de Estado, seus ministros e qualquer pessoa ou mesmo simples ideia ou acontecimento que se atreva a ser identificado, ainda que longinquamente, com o alvo das arremetidas.
Nessa guerra sem trégua dos meios de comunicação contra o primeiro governo não esquerdista em mais de três décadas, os meios baixos que têm sido utilizados têm sido tão perceptíveis que chegam ao ponto de levar o veterano jornalista José Roberto Guzzo, que pertence ao seleto grupo de profissionais da imprensa que procuram informar com isenção, a assim resumir em seu twitter:
Mar. 2019 - A ECONOMIA BRASILEIRA EM 2019 EM SEIS PERGUNTAS E UMA ENTREVISTA
Artigo do Mês - Ano XVIII– Nº 204 – Março de 2019
Por sugestão do Professor Luiz Alberto Machado, velho amigo, colega e parceiro de muitas liças em arenas liberais, concordei em dar uma entrevista - por escrito, pois minha experiência com essas interlocuções ensinou-me que palavras voam, mas escritos ficam (verba volant, scripta manent), brocardo, aliás, que o ex-presidente Temer tentou ensinar, assim mesmo, desse jeito, em latim, à sua antecessora no final de 2015, quando trocou de time. Será publicada – parcialmente, acredito - na revista do Conselho Federal de Economia (Cofecon), sediado em Brasília e de que se pode dizer, em respeito à polidez, que está longe de ser um reduto de ideias liberais, o que me recomenda certa prudência. É curta, mas a reproduzo nesta seção de artigos mensais, primeiro em 'homenagem' a este fevereiro, o menor dos meses, que se encerra e, segundo, por resumir minha visão atual da economia brasileira. São apenas seis perguntas, todas voltadas para o presente momento econômico e político. Provavelmente, será publicada em contraposição às de outros economistas, quase certamente de opiniões diferentes, o que sempre é bom. Transcrevo-a abaixo, ipsis litteris.
1. Previsão de crescimento para 2019: o Brasil começa uma recuperação mais robusta ou continua patinando?
Fev. 2019 - ATENÇÃO, RESPEITÁVEL PÚBLICO! VOTAÇÃO NO SENADO! O MAIOR ESPETÁCULO DA TERRA!
Artigo do Mês - Ano XVIII– Nº 203 – Fevereiro de 2019
Os dois primeiros dias do mês de fevereiro deste ano ficarão registrados em todos os anais, narrações e porandubas (um estranho brasileirismo para designar narrativas de fatos históricos) de nosso Parlamento como os da desmoralização completa do Senado da República e sua transformação em picadeiro circense por parte de alguns nada ínclitos representantes do povo brasileiro.
Tratava-se da posse dos senadores eleitos em outubro de 2018 e da escolha do novo presidente daquela casa – desculpem, até que se prove o contrário, daquele picadeiro – que montaram no centro de um dito “espaço público”. Pois o que se viu foi um verdadeiro espetáculo circense de quinta categoria, dos mais antigos que percorriam cidades do interior, mas em que os leões eram desdentados, os trapezistas sofriam de artrite, os equilibristas tropeçavam nas próprias pernas e os coelhos dos mágicos escapavam das cartolas bem antes de sua exibição ao respeitável público, formado pelos palhaços pagadores de impostos.
Jan. 2019 - A SUPER-REFORMA DA “CASA BRASIL”
Artigo do Mês - Ano XVIII– Nº 202 – Janeiro de 2019
Após mais de três décadas de governos de esquerda, essa gigantesca casa chamada Brasil está – parodiando aquela música do folclore baiano - um pardieiro só, um galinheiro só, um chiqueiro só. É impressionante o descuido de todos os inquilinos
que a ocuparam durante esses longos anos, ao ponto de deixá-la destroçada!
Ouvi dizer à boca pequena que o novo morador, antes de mudar-se com a família, enviou um representante para vistoriar o imóvel e tomar pé do estado das coisas e que, após minuciosa vistoria, o homem, um amante da linguagem das parábolas, escreveu o que se segue.
“Ilustre Senhor Presidente”
“Cumprindo a tarefa designada por V. Exª, após cuidadosa vistoria do imóvel, passo a resumir o que encontrei e que devo confessar ter sido motivo de desagradável espanto”.
“Quebraram tudo, derrubaram paredes, levantaram outras onde não era preciso; encheram de terra pias e vasos sanitários e plantaram begônias, hibiscos e outras espécies, todas de coloração vermelha; arrebentaram todo o encanamento; criaram uma enorme gataria no sistema elétrico; destruíram o jardim e ali colocaram uma banheira velha para servir de piscina para a família e os amigos”.
Dez. 2018 - POBREZA E MISÉRIA: DUAS INDÚSTRIAS LUCRATIVAS
Artigo do Mês - Ano XVII– Nº 201 – Dezembro de 2018
“Porque, pobres, sempre os tereis convosco e, quando quiserdes,
podeis fazer-lhes bem; a mim, porém, não Me tereis sempre". (Mc 14,7)
Pobreza de verdade, mas pobreza mesmo, para valer, de dar dor no bolso, só é sentida por quem é pobre, pois para políticos, artistas e “intelectuais”, que nunca a sentiram na carne, sempre foi fonte de prestígio, riqueza e poder, como sanguessugas que se alimentam das dificuldades alheias.
Há cerca de dois mil anos, uma mulher de nome Maria quebrou um vaso de alabastro e derramou todo o seu conteúdo - um perfume de nardo caríssimo - sobre a cabeça de um homem chamado Jesus. Um dos presentes criticou a atitude da mulher, sob a alegação de que havia desperdiçado mais de trezentos denários, equivalentes a trezentos dias de salário, ao invés de doar a alta soma aos pobres. [i]
Segundo o relato escrito de outro dos presentes à cena [ii] o crítico foi Judas Iscariotes, não porque se interessasse pelos pobres, mas porque era ladrão e costumava furtar o dinheiro que colocavam na bolsa, enquanto que, de acordo com os relatos também escritos de dois outros que ali estavam, [iii] os indagadores teriam sido os discípulos daquele homem, dos quais Iscariotes fez parte até ser desmascarado.
O que fez, então, Jesus? Ao mesmo tempo em que convidou todos a ajudarem os pobres voluntariamente (“... quando quiserdes, podeis fazer-lhes bem”), reprimiu aqueles que exigiam que a mulher tivesse sido “caridosa” compulsoriamente, deixando claro que sempre haverá pobres no mundo. Para nós, já que este artigo, evidentemente, não é uma homilia, isso traz dois grandes ensinamentos: que a luta contra a pobreza é e será uma batalha permanente de todas as sociedades e que a verdadeira caridade pressupõe espontaneidade.
Page 5 of 19